domingo, 28 de novembro de 2010


A Psicopedagogia, cada vez mais, vai expandindo sua área de atuação; a inserção do psicopedagogo na área hospitalar vem contribuir para a humanização na rede hospitalar
Se o objeto de estudo da Psicopedagogia é a aprendizagem humana e ela esta inserida em todas as atividades de nossas vidas, ela não poderá ficar fora do contexto hospitalar, pois os períodos de internação podem ser breves ou longos e, quando o paciente recebe alta, muitas vezes, precisa aprender a aprender a lidar com novas situações na vida.
Ser o interlocutor, não só de crianças mas também de todos aqueles que passam por internações, sejam elas curta, média ou de longa duração, doenças crônicas e de pacientes terminais.
Os psicopedagogos hospitalares, embasados na técnica e na prática, utilizam todo o seu conhecimento para criar um mundo onde as pessoas se preocupam umas com as outras.
Longos períodos de internação necessitam da intervenção do psicopedagogo, trabalhando a auto-estima e a reintegração em seu grupo social.
É um intermediador, porque ela dá voz ao paciente, ensina, aprende, reaprende em um eterno movimento, pois viver é um aprendizado constante.
Se aprendizagem é mudança de comportamento, somos profissionais das mudanças e da vida. Estamos sós no começo dessa trajetória na área hospitalar, mas, com nossa dedicação, aperfeiçoamento, determinação ousadia e coragem, conseguiremos, sem dúvida, romper mais um paradigma – O Psicopedagogo na Instituição Hospitalar

PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR - O VÍNCULO AFETIVO DA CRIANÇA HOSPITALIZADA COM A APRENDIZAGEM

No que se refere ao processo de ensino-aprendizagem o estudo apresentado evidencia que o psicopedagogo não poderia ficar de fora do contexto hospitalar, por se tratar de um profissional com formação interdisciplinar.
A importância de uma atuação mais articulada e comprometida dos profissionais envolvidos na área da saúde e da educação irá possibilitar um caminhar junto em prol da melhoria e qualidade de vida do paciente pediátrico.
O psicopedagogo será o mediador para manter aquecido ou recuperar sentimentos de amor próprio, auto-estima, aceitação, segurança e valorização da vida do paciente pediátrico. E garantir que o desejo pela construção da aprendizagem pode acontecer em qualquer ambiente, desde que tenha integração, comprometimento e amor.
Palavras-chaves: Psicopedagogia hospitalar, vínculo, afetividade, humanização, aprendizagem.
Sendo a Psicopedagogia um campo de atuação em saúde e educação que lida com o processo de construção do conhecimento, utilizando-se de vários recursos das áreas do conhecimento, compreendemos que o profissional dessa área atua com um caráter preventivo e/ou remediativo, buscando a melhoria das relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria aprendizagem de aprendentes e ensinantes. Contudo, a Psicopedagogia na Instituição Hospitalar surgiu da necessidade de oferecer um acompanhamento psicopedagógico aos pacientes pediátricos internados, que possuem patologias crônicas como as Hematológicas, Imunológicas e Psicopatológicas, aos quais podem permanecer por longos períodos hospitalizados. Considerando que a maioria desses pacientes estão fora do seu convívio social, da escola, ou de alguma forma, excluída dentro dela, a intervenção psicopedagógica se torna de fundamental importância, a qual será realizada através de atividades educacionais e lúdicas centradas na aprendizagem, possibilitando um prognóstico onde o psicopedagogo irá desenvolver uma escuta apurada e um olhar sistêmico, analisando e assinalando os fatores que favorecem, intervém ou prejudicam uma boa aprendizagem, assim como o funcionamento dos processos cognitivo, afetivo/desiderativo, social, obstáculos epistêmico e/ou epistemofílico, autoria de pensamento, vínculo normal e/ou patológico e modalidade de aprendizagem. Onde o significante e o significado da avaliação é a observação direta do desempenho da criança, desenvolvido a partir de conceitos que ela já tenha construído ou que ainda precise aprimorar, construir ou reconstruir.
O psicopedagogo interagindo com uma equipe multidisciplinar de profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos, psicomotricistas, fisioterapeutas, pedagogos e outros, dentro da Instituição Hospitalar articulará seus métodos e técnicas específicos da psicopedagogia dentro da realidade vivenciada neste contexto, contribuindo para melhoria da qualidade da saúde e auto-estima da criança internada, para que esta se descubra capaz de aprender a aprender e principalmente para o entendimento do vínculo afetivo que a criança hospitalizada desenvolveu com a aprendizagem, e quais os fatores que contribuem para esta não aprendizagem, assim como sua relação entre a afetividade e o desenvolvimento mental, considerando a sua especificidade em perceber, discriminar, organizar, conceber, conceituar e enunciar no que se refere a sua ação como um ser cognoscente e suas relações intrínseca e extrínseca que devem ser contextualizadas.
Objetivando estabelecer um vínculo afetivo saudável e positivo deste sujeito com a aprendizagem, o psicopedagogo fornecerá subsídios para um material dialético mais adequado e suficiente para um correto atendimento psicopedagógico ao paciente pediátrico hospitalizado, por intermédio de uma pesquisa descritiva bibliográfica e observações realizadas a uma classe hospitalar, agregando conhecimentos e contribuições aplicáveis em prol da qualidade de vida e aprendizagem de tal paciente.
Capítulo 1
O CONTEXTO HOSPITALAR E ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO
Como Psicopedagogo Hospitalar é imprescindível compreender todo o corpo de uma estrutura hospitalar, por se tratar de uma área relativamente nova, onde a instituição hospitalar em algumas situações não saberá o que pedir ao psicopedagogo e cabe a ele mostrar o que pode acrescentar em benefício do paciente pediátrico e da instituição. O psicopedagogo irá por em ação um questionamento e reflexão de como se adaptar a este novo ambiente, provido de regras, normas, valores e função social, o qual o mesmo deverá se conscientizar de sua identidade profissional e delimitar até onde vai a sua atuação e a de outro profissional, realizando o devido encaminhamento quando se fazer necessário. O psicopedagogo junto à equipe multidisciplinar atuará de forma coesa e nunca isoladamente ou fragmentada, é importante que haja um espaço para que os conhecimentos de ambos profissionais envolvidos neste contexto sejam integrados a novas idéias, compartilhados e ressignificados, conhecer o olhar de cada um contribuirá para reconhecer as dificuldades pessoais e institucionais para pôr em ação uma atitude sistemática, contínua e reflexiva, de maneira a contribuir para que o vínculo entre a equipe se consolide o mais prazeroso possível, visando um ambiente mais humanizado ao paciente pediátrico. O qual nos remete a ser um ambiente impessoal, frio, hostil, assustador, incompreensível e depressivo, vivenciado e sentido na condição de hospitalizado.
É direito do paciente pediátrico conhecer os motivos que o levou a real situação, e ao verbalizar a verdade, há o cuidado de se utilizar uma linguagem simples e compreensível, respeitando sempre o estágio ou fase de desenvolvimento que ela se encontra.
É indispensável que os pais ou outros que sejam significativos na vida do paciente pediátrico os preparem para a hospitalização, pois, as representações internas mentais que a criança faz de seus pais com quem convive e tem como sendo os primeiros modelos na formação da sua subjetividade irão influenciar em seus sentimentos, seu comportamento e seu grau de compreensão e aceitação. O desempenho da criança tanto na aprendizagem como nas diversas situações que ela irá enfrentar ao longo de seu desenvolvimento serão influenciadas pelas imagens parentais que foram estabelecidas de forma positiva ou negativa, certamente as imagens dos modelos parentais que foram estabelecidas positivamente, ou seja, são aquelas imagens de pais carinhosos, presentes de alma e de sentimentos, que sabem dar o limite, mas, que também sabem ceder com referencia as suas condutas e regras de forma coerente, serão determinantes na formação de vínculos afetivos que favorecerão positivamente por todas as aprendizagens que a criança irá se deparar.
Não somente a criança como também os pais necessitarão da equipe de saúde para o devido esclarecimento sobre a doença, o tratamento e o possível tempo de internação, sendo este último uns dos motivos mais sofridos e angustiosos por ambas as partes envolvidas; de tantas outras situações, mas em particularmente nestas, que se faz necessária à presença e atuação de um psicólogo, proporcionando ao enfermo e sua família a devida e carinhosa acolhida; considerando ser estes primeiros momentos fundamentais para que se estabeleça uma relação menos traumática possível no processo de hospitalização.
O paciente pediátrico a peregrinar por salas de espera, unidades de internação, de terapia intensiva e ambulatória, em muito irão contribuir para a sua baixa auto-estima, e como aprender exige ter auto-estima, se faz necessário e presente a atuação do psicopedagogo, o qual poderá realizar diversas atividades em uma sala apropriada ou no próprio leito, podendo ser individualmente ou em grupo, proporcionando condições ao paciente pediátrico dentro do seu quadro hospitalar a não perder o prazer pela aprendizagem, pelo conhecimento e até mesmo direcionando caminhos para que o paciente aprenda a conviver com as diversas dificuldades que irá ter que passar por conseqüência de sua doença.
É bastante enriquecedor que o psicopedagogo trabalhe com atividades que envolvam, por exemplo, a dramatização e teatros de fantoches, tais atividades irão despertar na criança uma nova forma de elaborar e expressar os seus sentimentos é importante que ela viva gradativamente o aqui e agora de sua real situação, pois certamente elas irão estimular e favorecer um bom vínculo afetivo da criança com a aprendizagem, principalmente no momento de prepará-la para a alta, onde terá que se integrar novamente ao seu mundo social.
O ponto de partida para o psicopedagogo trabalhar, é identificar o sujeito relacional/real, ou seja, como anda a relação desta criança com o outro, o outro com ela, e, ela consigo mesma. No primeiro momento, irá se trabalhar com o sujeito simbólico/afetivo, o sujeito do desejo, identificando neste sujeito o que ele mais gosta e sabe fazer, buscando caminhos de resgatar a sua auto-estima e não a deixando entrar em uma depressão anaclítica, neste primeiro momento é bastante comum pedir aos pais da criança que se traga ao hospital um objeto transicional. Em WINNICOT (1997, pág. 57) compreendemos que, “é no espaço da transicionalidade que se entrelaçam os fios da subjetividade e da objetividade, trama de angústia e de esperança. Fios que se entrelaçam se acrescentam e se desfazem, adquirindo novas formas e cores, numa dança contínua. Dança por vezes suave e encantadora, por outra, vigorosa e arrebatada, agressiva, triste ou apaixonada, mas sempre melodia expressando o mistério da vida”.
Em seguida se chegará ao sujeito lógico/racional; é justamente na interseção dessas três dimensões que se consolida a essência do sujeito/EU, desenvolvendo o processo do conhecimento.
É fundamentalmente importante esclarecer que o psicopedagogo na Instituição Hospitalar, não irá trabalhar com diagnóstico, mas com prognósticos, o psicopedagogo irá trabalhar com a linha de faixa etária de cada criança, utilizando-se, por exemplo, de recursos como o psicodrama. As atividades poderão ser realizadas duas vezes por semana em quarenta minutos, podendo o psicopedagogo atuar em outras instituições também, de forma empregatícia e / ou voluntária.

1.1 - A DOENÇA/PATOLOGIA
A doença possui um significado particular para o paciente pediátrico, interpretando os fatos de sua patologia diferenciados dos de mais, levando-se em consideração que, cada criança ao decorrer de seu tratamento irá utilizar-se de seus próprios recursos internos para enfrentar situações dolorosas, em conformidade com a sua realidade externa e apoio familiar.
A doença para a criança acarreta medo e abandono, onde esta irá buscar mecanismos para aprender a conviver com a nova situação e assegurar sua homeostase psíquica. Situação esta bastante traumática e determinante de seqüelas mais ou menos presente em sua vida futura, principalmente no que se refere ao fato de ter que, se “separar” e se privar inesperadamente do que WINNICOTT (1997, pág. 99) chama de uma mãe suficientemente boa. WINNICOTT diz que, “a mãe tomada pelo estado de preocupação materna primária, “sabe” o que o seu bebê necessita. Ela lhe dá calor, alimentos, amor, silêncio, obscuridade, prazer, medicamentos, calma. Tudo isso na hora certa e no momento exato. Todo esse “saber” brota espontaneamente do mais profundo espaço do seu ser. Nada disso pode ser aprendido. Essa mãe suficientemente boa não somente cria um ambiente facilitador ao desenvolvimento do bebê, como ela é esse ambiente”.
Ao decorrer do tratamento específico da doença de cada criança, ela perceberá e vivenciará as possíveis modificações da sua auto-imagem, como a queda de cabelo, perda ou aumento de peso, mutilações e limitações.
É importantíssimo que a criança seja devidamente orientada e participe ativamente do seu processo patológico, mesmo porque como falar e tentar promover a saúde, se não esclarecermos o que é a doença e não permitirmos que esta criança seja possibilitada de perguntar, questionar e até mesmo se lamentar de sua própria doença, de viver mesmo o luto de está distante do convívio com a família, amigos, de seus antigos dever e lazer. Participar ativamente deste momento acompanhado das orientações de profissionais qualificados irá contribuir em muito para um não futuro recalque. Tal atuação será bastante interessante se for analisada e praticada com mais veemência por parte de toda a equipe de saúde, fomentando desta forma um vínculo afetivo mais confiante e humanizador entre o paciente pediátrico e todo o processo que envolve a sua doença.
No que se refere a esse contexto humanizador se faz presente e necessária a atuação do psicopedagogo, pois, este profissional irá contribuir para um bem-estar não somente físico, mas cognitivo, afetivo e social também.
O paciente pediátrico não pode ser tratado e visto como uma máquina desajustada que precisa simplesmente ser reajustada, sendo bastante comum presenciar a despersonalização do paciente no âmbito hospitalar, o qual passa a ser denominado como, o “leito cinco”, “o doente tal” ou “tire a temperatura ou colete o sangue do sete”. É até compreensível que se trata de uma forma de localização ou referencia do paciente, mas até que ponto esse tipo de conduta irá influenciar na sua subjetividade e personalidade?
Afinal trata-se da Ritinha, Mariazinha, Joãozinho e Pedrinho, seres humanos providos de sentimentos, desejos e características próprias, devendo ser respeitados os aspectos que envolvem a sua história passada e presente (verticalidade/horizontalidade), aspectos tais, que irão nortear a devida atuação do psicopedagogo no real processo de aprendizagem da criança.

1.2 – A DOR FÍSICA E PSÍQUICA
É comum presenciarmos no paciente pediátrico um processo de conflito interno gerado pela dor física, a dor é um ataque à criança como um todo, que conseqüentemente irá deteriorizar a sua capacidade de resistência interna, criando assim condições que poderão agravar o seu estado orgânico e afetivo. Os fatores internos e externos geradores de conflitos emocionais serão determinantes na evolução ou não de sua doença. Costuma-se observar que, os estados psicológicos e afetivos contribuem de alguma forma para um aceleramento ou melhoria da doença e da dor.
A dor física está interligada a dor psíquica, o que ocasionará muito sofrimento à criança, passando a desenvolver sentimentos de medo, ansiedade, incerteza, dúvida e culpa/punição, dependendo da fase de desenvolvimento que a criança se encontra poderá despertar nesta algum tipo de sentimento de culpa sim, o fato de está em um lugar desconhecido que não faz parte do seu meio social, onde está sendo despida, banhada, vestida com roupas que não são as suas de uso habitual, de está sentindo dores e sendo medicada e enquadrada nos parâmetros da instituição poderá ser assimilada por ela como algum tipo de punição e castigo por ter feito algo de errado. Por isso volto a ressaltar a importância do esclarecimento da doença e sua real condição hospitalar para o paciente pediátrico e sua família.
Após o tanto sofrimento e dor, cada criança irá reagir de maneiras adversas, será complexo lidar com a reação particular de cada uma, algumas crianças irão se senti exaltas, apáticas, tristes, caladas, outras agitadas, falantes, agressivas e ressentidas. Tornando assim difícil de propor uma atividade psicopedagógica para ela, mas é importante que o psicopedagogo não desista, não se deixe contaminar pelas adversas reações que a doença ocasiona na criança, afinal este profissional está ali exatamente para criar condições de recuperar a auto-estima da criança, a solicitá-la para vida, a contribuir para que ela aprenda a enfrentar as muitas outras situações que terá que vivenciar no hospital e para que adquira ou readquira a sua autonomia e o desejo pela vida e pela aprendizagem, e preencher as lacunas que podem surgir pela sua condição de hospitalizada, mantendo assim aquecido o processo cognitivo da criança.
Dessas e de tantas outras situações que o psicopedagogo terá que enfrentar, muitas das vezes deixasse de lado, por exemplo, as atividades lúdicas centradas na aprendizagem e utilizá-se um exercício muito mais eficaz que qualquer outra atividade, é o fantástico exercício do olhar, aquele olhar além do que os nossos olhos podem ver, é o toque, o carinho, um abraço bem dado, um sorriso ou até mesmo um sofrer junto, mas essencialmente um psicopedagogo nunca poderá deixar de exercitar o sentimento de amor e respeito que venha a ter para consigo e para o outro.
Capítulo 2
A RAZÃO DAS EMOÇÕES E SENTIMENTOS
Alguns estudiosos da neuropsicologia caracterizam a essência da emoção como uma coleção de mudanças no estado do corpo que são induzidas numa infinidade de órgãos através das terminações das células nervosas sob o controle de um sistema cerebral, respondendo ao conteúdo dos pensamentos relativos a uma determinada entidade ou acontecimento. A emoção nos remete a pensar em um movimento para fora, porém existem outras alterações do estado do corpo que só são perceptíveis pelo dono do corpo em que ocorrem. Existindo assim muitas variedades de sentimentos. A primeira variedade baseia-se nas emoções, sendo a felicidade, a tristeza, a cólera, e o nojo. E quando os nossos sentimentos estão associados às emoções, a atenção converge substancialmente para sinais do corpo. A segunda variedade de sentimentos é a que se baseia nas emoções que são pequenas variantes das mencionadas anteriormente: o êxtase e a euforia são variantes da felicidade; a ansiedade e a melancolia são variantes da tristeza; a timidez e o pânico são variantes do medo. Evidenciando desta forma os seres humanos como racionais e emocionais, e não somente racional. Pensamentos estes que divergem de outros estudiosos, os quais supõem que há uma separação entre o racional e o irracional / emoção e sentimento.
Na visão psicopedagógica podemos evidenciar que as emoções vão além da sua essência, observar a importância no controle emocional do comportamento do ser cognoscente, incluindo as chamadas funções mentais superiores, percepção, memória, inteligência e aprendizagem, se fazem necessárias para a atuação do psicopedagogo, que todo o momento irá trabalhar com a cognição e emoção.
As emoções são indispensáveis para a nossa vida racional, ela nos faz únicos, é justamente o nosso comportamento emocional que nos diferencia uns dos outros. O nosso cérebro não depende exclusivamente do nosso conjunto de respostas emocionais, mas da sua interação com o corpo e das nossas próprias percepções corporais, o que se faz essencial um vínculo entre emoção e razão.
2.1 – OS ASPECTOS EMOCIONAIS DA FAMÍLIA
Os pais diante da impotência da doença do filho, não sabendo como atenuar o sofrimento da criança passará por diversos aspectos emocionais / mecanismos de defesa, tais como o choque inicial e a negação, situação essa que se deparam diante de uma grande dificuldade em aceitar o diagnóstico e a pesarosa incerteza do prognóstico.
A família poderá expressar raiva e ressentimento, podendo a desenvolver um comportamento de controle excessivo diante do paciente, ou poderá desenvolver um distanciamento emocional pelo medo da perda, o que gera uma intensificação da ansiedade e angústia no paciente.
2.2 – OS ASPECTOS EMOCIONAIS DO PACIENTE
Com as diversas mudanças de comportamento que foram evidenciadas no capítulo 1.2 ocasionadas pela dor física e psíquica da criança, evidencia-se um forte aspecto emocional indagada pela família, como as angústias, depressões, tristezas, medo do escuro, incertezas, negação, raiva e ressentimento, tais como as vivenciadas pela família.
A família deve ser assistida tal qual o paciente, para que estes possam aceitar a real condição em que se encontram, as aceitações os ajudará a refletir e a reorganizar as prioridades e o estilo de vida que terão que se adequar. Visto que ambas reações repercutem nas emoções da família e do paciente.
CAPÍTULO 3
AS CONTRIBUIÇÕES DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
A equipe multidisciplinar contribuirá para dar uma abordagem mais humana e uma visão holística aos processos que envolvam a recuperação do paciente pediátrico, o qual cada profissional em sua área específica de atuação deve sempre ter em mente de que o ser humano deve ser considerado de forma completa e íntegra, respeitando todas as suas dimensões e particularidades e que com ele deve interagir também de forma harmônica, considerando o seu contexto, necessidades, limitações e aptidões. Cada profissional ao se comprometer com sua atuação e ao aceitar a atuação do outro estará contribuindo para um amanhã melhor, celebrando a vida com menos patologias e mais saúde.

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Daniella Reis Mello - Psicopedagoga pela UNESA, atuando em Instituição Hospitalar na área de Recursos Humanos, planejando Projetos que envolvam processo de aprendizagem individual e organizacional, favorecendo a qualidade do trabalho, da produtividade, criatividade e as relações interpessoais. ESSE TEXTO FOI TRABALHADO NA AULA DE GAL.